
UNIVERSITÁRIOS 2.0
IMPACTOS DA ADMINISTRAÇÃO NO TERCEIRO SETOR


A forte demanda de serviços sociais e prestação de serviços de qualquer ordem sem fins lucrativos que tenham como premissa atender setores dentro da Administração Pública vem fomentando o aumento das chamadas ONGs em todo país.
Acredita-se que ao dispor de um recurso a uma ONG ela agirá como uma “sócia” do governo na resolução de problemas nas áreas de saúde, educação, família, crianças e adolescentes e idosos.
Essa sociedade se caracteriza por projetos aprovados pelos municípios, estados e a federação, que imediatamente recebem repasses ou verbas conforme descritas nos projetos.
Por muitos anos e até décadas, as Instituições sem fins lucrativos regiam-se pela emotividade e paixão de seus idealizadores e, assim como empresas novas sem direcionamento de gestão, logo se viam endividadas, sem recursos suficientes, prestando um baixo serviço a comunidade e ingerente: com desvios internos que ocasionavam enriquecimento ilícito de seus membros.
Quem já não ouviu falar de casos de irregularidades, de desvios, maus tratos, condições inseguras de muitas ONGs Brasil afora? Esses problemas de ingerência no terceiro setor fez com que a partir de 1990 as grandes fundações internacionais parassem de financiar as instituições nacionais e passassem a um novo modelo que persiste até hoje: o financiamento por projeto aprovado.
Essa mudança trouxe um novo cenário cultural para dentro das ONGs que passaram a desenvolver um novo comportamento: desenvolver projetos e apresenta-los as empresas. Porém muitas irregularidades ainda persistem, em parte porque o setor não se atualizou, é míope e em parte porque a cultura social brasileira favorece crimes, corrupções e péssimos serviços prestados.
A miopia em gestão, dentro das ONGs está justamente no seu modelo: composta por fundadores, funcionários, profissionais liberais e voluntários. Quando a questão são ações e execuções de projetos, os funcionários se envolvem diretamente com os voluntários e esses atraem a comunidade. Porém quando as questões são de ordem interna, o voluntário é visto como um “terceirizado” dentro da organização. É por isso que entra ano sai ano, voluntários migram de instituição em instituição: falta de credibilidade e de confiança compartilhada. Por mais que se fale da valorização do voluntário, dentro do próprio modelo desorganizado de gestão do terceiro setor, o voluntário é visto com restrições pela organização.
A miopia se estende ao modelo organizacional. A psicóloga deve ser formada, a assistente social deve ser formada, assim como enfermeiros, professores de consultorias, educadores, mas, o gestor, quem administra a instituição não precisa ser um administrador formado. Está aí a maior incoerência do setor, que precisa rapidamente ser sanada com um modelo de gestão profissional.
Em mais de 5 anos de vivência com instituições sem fins lucrativos, pudemos verificar que mais de 60% dos problemas de uma instituição estão ligados a má gestão, seja dos recursos captados, seja da execução dos projetos e gerenciamento da informação. É possível, por exemplo, uma instituição que arrecadou com a sociedade mais de 100 mil reais para reformas emergenciais, voltar a pedir o mesmo valor no ano seguinte, pois não teve critério de seleção da empresa que realizou o serviço, não tem competência técnica para administrar os recursos financeiros bem como negociar contratos, além de problemas de ordem moral, em que alguns coagem aos fornecedores a emitir notas fiscais com valores superiores aos da obra executada. Tudo isso ocorre, por completa falta de profissionalismo e conhecimento técnico.
A cultura nacional orientada a auxiliar e muito mau instruída em acompanhar é o motor que faz girar a corrupção em ONGs. Como experiência própria, e, através de depoimentos de empresários das cidades do Alto Tietê, temos colhido casos criminosos e covardes contra as pessoas que deveriam estar protegidas por estas ONGs que recebem para tal. Ao longo dessa jornada acompanhando ações sociais e ONGs vivenciamos histórias como creches que recebiam doação de agasalhos e cobertores para as crianças, mas que nunca chegaram a utilizar, de empresas que doavam brinquedos e as crianças nunca chegaram a brincar, de empresas que doavam cadeiras de rodas, alimentos e que seus dependentes jamais viram. E isso se espalha Brasil afora.
A sociedade que pouco acompanha acaba por alimentar esses desvios e, mesmo os idealizadores do projeto, por não terem uma gestão efetiva, passam mais tempo fora resolvendo questões que se alongam, que levariam bem menos tempo se tivessem um administrador formado auxiliando. Essa ausência permite a funcionários desonestos desviarem estes recursos. E isso, infelizmente pode atingir a qualquer organização, seja ela uma ONG ou não.
A dificuldade em gerir recursos, controlar despesas, coordenar projetos, orientar profissionais, contratar profissionais, motivar essa equipe, valorizar e integrar o voluntário, somando seus conhecimentos e, a maior deficiência que uma empresa pode cometer: não dar feedback aos seus patrocinadores, não mostrar indicadores fixados em suas unidades mostrando claramente onde são utilizados os recursos. Tudo isso faz com que empresas e pessoas de bem comum duvidem da eficácia destas organizações, bem como acreditem seriamente nestes trabalhos.
Essa necessidade cada vez mais crescente de especialização na gestão e os prejuízos que ela evita tem levado universidades de renome a aplicar cursos de pós graduação no segmento.
Dentre as profissões do futuro, assim como o assistente social, o gestor em terceiro setor terá uma forte demanda no mercado nacional.
SOLUÇÕES DE CURTO PRAZO
Visto que estas empresas se caracterizam pela assistência e pelo desenvolvimento humano e não pela geração do lucro, elas têm mais do que a necessidade de buscar soluções que impactem menores custos e melhores utilizações de seus recursos.
Uma saída viável é, em primeiro momento procurar universidades que tenham EMPRESAS JUNIORES para auxiliarem na efetivação de um modelo de gestão. Por serem empresas sem fins lucrativos, não haverá despesas excedentes com tal consultoria. A utilização adequada destes semiprofissionais ajudará a ONG a desenvolver seus projetos, a receber treinamentos e orientações administrativas, a capacitar e aceitar a participação dos voluntários no setor administrativo da empresa, a gerenciar os recursos e controla-los através de controles simples desenvolvidos por estes profissionais em formação, além de alinharem a identidade empresarial aos objetivos estratégicos que a ONG deve ter.
Ao mesmo tempo as Instituições Sem Fins Lucrativos precisam abrir suas contas tão claramente fazem ao pedir doações. Ter painéis com indicadores de resultado, ter publicações mensais aos seus colaboradores informando as despesas e as receitas, e acima de tudo, documentando contabilmente TODOS os recursos EXTERNOS de forma que sejam RASTREÁVEIS para qualquer visitante que deseje realmente saber sobre o destino destas verbas e doações.
Ao fim, o passo mais importante a se tomar é ter um administrador profissional, capacitado, com conhecimentos e habilidades técnicas suficientes para atender as normas e legislações vigentes e manter a identidade da Instituição preservada. Não tem recurso financeiro para isso? Comece utilizando os conhecimentos e as vantagens de uma Empresa Júnior, elabore com eles o orçamento para o próximo ano e, aprovando este repasse, contrate um sem exitar.
De cima para baixo:
- Voluntários do Serviço Social da Universidade Braz Cubas.
- Foto 2 e 3 : Voluntários do projeto universitário Administradores do Bem.
- Vídeo-Retrospectiva de 2012 do projeto Administradores do Bem.
- Vídeo definição e conceituação do terceiro setor.