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PROFESSOR BRASILEIRO: UM REVOLUCIONÁRIO SILENCIADO.

por Adinaldo Diniz

    Há uma crise de desconfiança geral. Esse efeito se arrasta para as escolas, para o transporte público, para todos os setores da sociedade.

    Chega ao fim o domingo e o desespero bate a porta por saber que segunda-feira começa tudo outra vez: caos, filas, violência, trânsito.

    Só uma pessoa está satisfeita neste círculo vicioso de sofrimento: o sócio de todas as empresas, o governo.Nesse processo de sofrimento, nesse círculo vicioso, poucos param para pensar que tudo isto seria menos sofrível se os recursos fossem bem distribuídos, se o governo gastasse melhor, investisse no que realmente as pessoas precisam, parasse de desviar recursos públicos, se o salário de funcionários de alto escalão do governo e políticos fosse compatível com a realidade do país.

      Tudo, tudo o que absolutamente fazemos, fica uma parte para o governo. Como clientes, nós pagamos por produtos que nunca são entregues, e quando o são, são de péssima qualidade: saúde, segurança, transporte, educação.

      O pior de tudo isso, é que é a única empresa em que podemos ajudar a demitir os vendedores a cada quatro anos, mas não fazemos isso. E por quê?

      Achamos que política não serve. Nem ao menos nos esforçamos para entender como é o sistema eleitoral. Colocamos todos juntos no mesmo saco e achamos que ninguém presta. Pior, por achar que ninguém presta, votamos em qualquer um.Se na sua empresa, você descobrisse um ladrão entre seus funcionários, você o demitiria ou ainda continuaria com ele?

     Nós brasileiros a cada 4 anos temos a chance de punir os corruptos, mas continuamos elegendo eles, para continuarem tirando ainda mais de nós.

      Política é uma coisa tão séria que a forma de desestruturar o país após o regime militar foi perseguir professores, formadores de opinião. Depois que veio a democracia, os governantes entenderam como manter o povo silenciado, destruir a educação.O professor então passou a ser desrespeitado em sala de aula, os alunos passaram a aprovações automáticas, e todo o poder do professor lhe foi tirado.

     Só há um meio de acabar com estes desmandos, com esta corrupção, de punir estes criminosos: educar a população a fim de saber a verdade, de saber como as ações políticas influenciam seu dia a dia, o que a corrupção tem a ver com o clima de trabalho dela, com a pressão existente no emprego, enfim, como estancar essa hemorragia interna que o país atravessa.Por isso, a verdadeira revolução civil que este país precisa ainda nem começou.         Os professores possuem as armas mais perigosas para enfrentar o sistema podre: o conhecimento.

    Nas mãos dos professores está a revolução que um dia porá fim a esta pornografia nacional repleta de corrupções e cenas de impunidade. Os governantes sabem disso, por isso dificultam a vida do professor. Só o pobre professor ainda não compreendeu que a guerra neste país é para eliminá-los, colocá-los na condição de subservientes da máquina pública.

      Ao menos se todos se unissem e criassem como objetivo gerar uma nova sociedade, não para agora, mas para os próximos 70 anos, há plena convicção de que as coisas de fato iriam mudar. Se os professores de agora como mártires aceitassem oferecer seu máximo para a obtenção deste objetivo, quem sabe daqui há cinqüenta ou sessenta anos sejam realmente lembrados como heróis nacionais, que realmente mudaram o país e permitiu a formação de uma sociedade realmente cidadã.

     Professores deste país, vocês estão numa guerra muito desleal, difícil, sozinhos. Enquanto isso, sem uma educação séria, todos os dias vidas estão sendo ceifadas pelo tráfico de drogas, pelo uso de adolescentes nos crimes organizados, o que acaba refletindo contra os mesmos professores.

       É no voto, na pressão popular, na fiscalização dos representantes populares, no conhecimento de leis e na exigência da aplicação delas que as coisas começarão a funcionar, porque passaremos a combater com as mesmas armas, com uso eficiente das leis, da Constituição, da educação, pressionando muito e cobrando resultados.

       Ou fazemos alguma coisa agora enquanto é tempo, ou daqui há pouco entraremos em uma sangrenta guerra civil entre sociedade, autoridades públicas e o crime organizado, culminando novamente com a volta dos militares ao poder.       A continuidade e o fortalecimento da democracia estão nas mãos, no saber e na atitude dos professores deste país.

      Por isso não existem fórmulas mágicas, nem super-presidentes, ou ocorre a revolução pela educação, ou esta nunca acontecerá para melhorar o país.

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